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TEXTOS, CRÔNICAS, REFLEXÕES

O valor oculto

Dá pra ser feliz no meio desse auê todo? Flor de lótus! Uma flor linda que se destaca por duas características: nasce em meio ao pântano e produz as sementes e o fruto ao mesmo tempo.​​


De repente, você se encontra com vinte e poucos anos, com uma certa bagagem emocional relacionada a suas experiência passadas. Tudo aquilo que você é hoje foi um resultado muito mirabolante de tudo que você viveu até agora de uma forma incompreensível no seu todo. O máximo que podemos fazer é, com alguma habilidade e maestria, chegar a pontos marginais da nossa personalidade e descobrir um aspecto central (ou parte dele) de nós mesmos, que pode se fazer presente em certas ocasiões e ausente em outras. Conforme o tempo passa, se formos atentos e carinhosos o suficientes com nós mesmos, vamos aprendendo a conviver com essa coisa doida que é o nosso eu. Alguns vão aprendendo melhor, outros, nem tanto, cada um no seu tempo e no seu ritmo. A questão é: o quanto essas coisas que a gente descobre em nós mesmos correspondem a pessoa que a gente quer ser?

Primeiramente, precisamos ter pelo menos um rabisco da pessoa que gostaríamos de ser. Daqui a 20 anos, quais são os valores que você passará pros seus filhos? Você quer ser aquela pessoa que as pessoas pegam outro caminho apenas para evitar falar com você? Você quer ser alguém cuja presença seja motivo de festa ou de “tá na hora de vazar”? Uma vez que você tem MARROMENOS a pessoa que você gostaria de ser, vem a próxima pergunta: o quanto eu consigo ser essa pessoa? E é justamente aí que mora a magia da coisa.

Uma pessoa que percebe que é muito explosiva, por exemplo, e gostaria de ser mais compassiva com sua família e amigos, começa a reavaliar suas atitudes e tentar acertar elas de acordo com o que planejou pra si própria. Aqui, vale ressaltar que nenhuma virtude se dá por capricho. Toda virtude que a gente encontra por aí nas pessoas foi fruto de um trabalho, fruto de uma escolha. Para se desenvolver a paciência e ser menos explosiva, essa pessoa precisa de situações que sejam capazes de retirar a paciência dela para que ela possa responder sendo paciente. Não há virtude nenhuma em não usar ratoeiras se não há ratos em sua casa. Não há virtude nenhuma em ser paciente no seu quarto sem ninguém.

E olha só como a coisa fica interessante! Quando essa situação de tirar a paciência acontece e, você se lembra e se mantém coerente com aquilo que você deseja ser, você responde de forma diferente. Você cria em si um “fruto” de paciência. Quanto mais você praticar isso e mais genuína for a sua resposta, mais você consegue se aproximar daquilo que você gostaria de ser. Você começa a ser grato pela oportunidade que você teve de se aproximar daquilo que você gostaria de ser por algo que antes te tomaria a paciência.

Somos todos de altos e baixos, contudo. Você passou 20 anos da sua vida reagindo da mesma forma pra um certo tipo de estímulo, é evidente que você não será outra pessoa do dia pra noite. Nem panela fica limpa sem perseverança. O relevante aqui é o progresso. De forma contínua. Um dia melhor que o outro, um dia maior que o outro, um dia mais próximo do que você deseja. Não precisa ser de forma abrupta.

As mudanças que fazemos no nosso pensamento, na nossa fala e nas nossas atitudes ficam marcadas em nossa vida. Alguém que come fast food todo dia não teria outra escolha a não ser ter problemas de saúde. Alguém que não consegue ser grato pelas coisas que tem na vida não teria outra escolha a não ser um vazio existencial que consome. Não há como plantarmos batata e colhermos abacaxi. Entretanto, se essa pessoa começa, aos poucos, mudar seus hábitos alimentares, ela começa a ter outras consequências na vida dela, uma realidade que ela pode nem sequer ter imaginado nos seus melhores sonhos. O mesmo acontece com os processos da mente.

O importante é sempre, sempre o primeiro passo, por mais pequeno que seja. Não há progresso na estagnação. Só por hoje não farei aquilo. Só por hoje vou perceber as coisas da minha vida que eu gosto. Só por hoje vou tentar fazer algo que nunca fiz.

Só por hoje, farei diferente.

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